sábado, 29 de janeiro de 2011

O sonho do emprego! Um ponto do conto

Amigos! Esta história de aposentadoria é fantástica. O tempo para mim aumentou e, tenho a "honra" de apresentar meu primeiro conto.

Leiam e me digam se gostaram ou não!


O sonho do emprego!

Um ponto do conto

José, como o personagem bíblico, era um batalhador. Vindo do interior para a metrópole paulista, chegou sem destino com um único sonho: conseguir um emprego! José queria um emprego, não pensava em trabalho. Pasmem! Existe uma grande diferença entre trabalho e emprego. Emprego, em sua concepção, é aquele onde se trabalha pouco, mas se ganha muito. Já o trabalho, pelo contrário, se ganha pouco com muito esforço físico. Este era José.

Chegou em “Sampa” (como ele chamava carinhosamente) no terminal rodoviário da Barra Funda. Um susto, pois “barra funda” era coisa que não queria, pois “de cara” já lembrava trabalho duro. Pensou, por instantes, nos velhos tempos em que os ônibus chegavam na rodoviária Tiete. Pensou novamente! Lembrou-se do seu Tiete, com águas limpas e infestadas por corvinas, pacus e tucunarés (às vezes até aparece um dourado). Este pensamento logo se esfumaçou! Lembrou-se da marginal Tiete e daquele rio poluído. Espera! Rio poluído significa serviço... Aí vem de novo: mais trabalho.

Bem, mas José queria um emprego. Não seriam estas imagens iniciais que mudariam sua opinião. Ia à luta! Luta? Caramba! Lá vem novamente esta história de trabalho, pois lutar exige suor, esforço e, em alguns casos, até o próprio sangue! Queria um emprego. Não desistiria. Assim, ainda com idéia fixa, resolveu que iria se estabelecer, provisoriamente (o emprego lhe daria muitos recursos), na casa de sua tia Maria (alguma semelhança?). Foi de ônibus, pois era necessário economizar para procurar seu sonhado emprego. Como? Procurar? Pensou! Queria “achar” um emprego. Pensou em “São Longuinho” (sem alusão ao meu amigo policial Longo), mas... Não havia perdido o emprego, queria um novinho em folha. Abandonou o pobre santo. Voltou ao “achar”, pois isto poderia levar tempo e consumir muita energia (e isto José não queria – gastar energia em trabalho? Não!). Ficou ali brigando com seus pensamentos até voltar a realidade do ônibus. Por que tão lotado? O que estava acontecendo? Quase que sua mala ficou de fora! Perguntou, para um sonolento passageiro, o que estava acontecendo. Ficou indignado! O ônibus estava lotado porque todos iam para o trabalho. Ninguém ia para o emprego, só trabalho. Isto não estava certo! Não queria pensar em trabalho, pois como dizia em sua “terra”, queria um emprego.

Não desistiu. Aguentou o empurra-empurra dos trabalhadores (olha! de novo a perseguição do trabalho) e, finalmente, chegou à casa da tia Maria (ah! Como gostava dela, de seus quitutes... Que sonho maravilhoso). Tocou a campainha e logo foi recebido pelo Rex (seu antigo amigo canino) e... Quem eram aqueles cães? Um pequeno e bravinho! O outro grande e bonachão! Três cães... Ficou imaginando a sujeira que faziam no quintal e alguém tinha que limpar. Ficou paralisado. Mais trabalho! Será que teria que limpar? Isto era trabalho e pior, gratuito (duvidava que a tia Maria fosse “dar algum”). “Meus Deus” – pensou. Trabalho não, quero emprego! Mas, tinha que ficar na casa da tia. Resolvo isto depois. Queria mesmo era tomar um belo café da manhã com a tia Maria. Sorridente, tocou a campainha! Uma, duas... Quinze vezes. Quem apareceu foi a vizinha e logo foi dizendo: “Maria foi trabalhar”. Não era possível! Viajou mais de 10 horas, estava cansado (Deus! Cansaço lembra trabalho... Não!), queria uma cama. E agora? Que faria?

José, destemido, pensou: “espero”. E esperou muito. Lá pelas cinco da tarde viu a tia Maria chegando! Ficou feliz. Estava com fome! Querida tia... Logo se desmanchou em sorrisos. Ambos!

Entrou, tomou banho e comeu. Agora sim, estava pronto para uma boa noite de sono, afinal, precisava estar descansado para localizar seu tão sonhado emprego (não um trabalho!). Falou com a tia: “onde encontro um emprego?”. Tia Maria era um sonho... Sorriu. Este gesto me animou... Ela sabia! Sorri também. Tia Maria foi a sala e trouxe um jornal. Disse: “comece a procurar pelos classificados!”. Procurar? Como? Isto já dava trabalho! Não, “ele” de novo. Pensei: “Tá me perseguindo”! Não desisto, pego os classificados e leio a procura de... Só acho trabalho. Salário pequeno, muita energia. Resolvo dormir. Sonho... Com empr... Trabalho! Pesadelo.

Acordo, minha querida tia já saiu. Advinha onde foi? Penso que é um pesadelo! Começo a ver um longo túnel, sem ver meu emprego ao final. Dias se passam, cadê meu emprego? Não acho! Termina meu dinheiro... Não conto que já estou “trabalhando” no quintal, limpando a sujeira dos três cachorros da titia. Nem acredito. É um verdadeiro pesadelo. Penso em voltar... Desisto! Não posso encarar a “derrota”. Mais dias se passam... Desisto! Aceito um trabalho (quem diria!) e nele encontro minha futura esposa... Família. Compro casa, carro e tenho filhos.

Continuo... Levanto cedo e durmo tarde. Minha camisa é lavada com meu suor.

Descubro que estou feliz. Não acredito! Mas não encontrei meu emprego, achei um trabalho. Um trabalho que me sustenta e me alegra.

Ao final, me surpreendo e vejo a importância do trabalho para o homem. Mas... Meus sonhos não terminam. Sonho com a aposentadoria e penso: “será que não haverá mais trabalho?”.

Como dizem: “isto é outro conto!”


4 comentários:

  1. Sr Jefferson:

    O seu texto é muito bem estruturado, coerente,coeso e permeado por uma ironia fina, que acaba revelando a crítica social pela veia "humorística".Sempre buscando o aperfeiçoamento tenho certeza de que este é o primeiro de muitos contos excelentes que o senhor produzirá.
    Abraços, Caipira/RS

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  2. Obrigado pelo incentivo. Não me esqueci do seu pedido. Vou preparar algo sobre as ferramentas da qualidade.

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  3. Parabéns...é um excelente texto..
    Abraços
    Veridiana
    Birigui

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  4. Parabéns meu amigo.
    De início já estava ficando com ódio do caipira (provavelmente vindo de Araçatuba ou região - rsssss), porém, após alguns devaneios de loucura quase que me vi aí no seu conto, mas, isso é outro conto...
    Grande abraço e parabéns pela iniciativa.

    Venancio - Caipira com muito orgulho. kkkkk

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