quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

IES e seus grupos de interesses


AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) E SEUS STAKEHOLDERS

Continuando as reflexões sobre a obra de Luís Eduardo Machado (Gestão Estratégica para Instituições de Ensino Superior Privadas), discorreremos sobre o fenômeno do “vendedor de cursos”. Parece um pouco desagradável a utilização deste termo, mas, como qualquer empresa, a universidade (além de se preocupar com a formação do futuro profissional) precisa ter lucros e isto somente ocorrerá com a frequência de candidatos em seus vestibulares e com a consequente matrícula. É preciso “vender” a futura formação profissional por meio da apresentação de uma grade curricular que venha ao encontro do esperado pelo candidato. Não resta, portanto, outra forma para tratar do assunto. Os campi devem “vender” os cursos (no bom sentido). Para que este processo de “comercialização” dos cursos ocorra, a universidade deve estar alinhada com as necessidades do mercado e se preparar para uma boa formação, contratando professores capazes de formatar o curso, ministrar aulas e, principalmente, transferir conhecimento. É preciso também que exista um profissional capacitado para levantar as necessidades da comunidade onde a universidade esta instalada, de forma coletar informações que possam subsidiar a formatação de cursos, bem como capaz de divulgá-los aos potenciais interessados. A IES deve se preparar para a eventual demanda.

Para que esta “venda” ocorra, recorremos a um princípio de Cesar: “Não basta ser, tem que parecer ser”. Assim, a universidade precisa de uma campanha publicitária que mostre estas peculiaridades ao seu principal stakeholder: o futuro aluno.

Como exemplo desta atividade de “venda”, pode ser citado à criação de cursos na área de saúde num campus que se situe numa área de concentração de hospitais. Evidente que a formação em enfermagem (técnico ou não), nutrição e outras devem ser privilegiadas. Universidades localizadas na zona do pré-sal devem preparar profissionais para esta área de atuação. O município de Ilha Solteira, outro exemplo, tem o curso de engenharia elétrica como seu “carro chefe” em função da instalação da UHE. Evidente que os cursos tradicionais encontram espaços, mas sempre deve ser observada a relação econômica do entorno da universidade (se o poder aquisitivo for alto, cursos mais elitizados devem ser ofertados). Isto justificaria, por exemplo, o curso de direito oferecido no município de Araçatuba, onde duas principais universidades formam juntas, anualmente, mais de 200 profissionais (eles não terão campo para atuar na cidade, em função da lei da oferta e procura - muitos profissionais para poucas lides).

A universidade precisa entender que para sobreviver no mercado educacional, extremamente competitivo (financeiramente falando), não basta ter um bom marketing. É preciso mais! É preciso oferecer um diferencial, como, por exemplo, atuação na área de responsabilidade social, haja vista a agregação de valor a imagem da universidade (como faz a Uniban Brasil). A universidade também precisa ter foco nos colégios de ensino médio, vez que os formandos são um grupo de stakeholder muito importante e devem ter a devida atenção, ou seja, programas de divulgação dos cursos de graduação devem ser desenvolvidos para este público.

Numa experiência familiar, busquei matricular minha filha numa escola tradicional da zona norte de São Paulo. O coordenador pedagógico que nos atendeu, após mostrar as virtudes da escola, terminou a entrevista dizendo: “estude aqui! Ao final do 3º ano você poderá escolher a universidade e deixando para os outros, as particulares como a U...”. Não obstante a falta de ética, este “vendedor de cursos” vendeu a promessa de ingresso na USP, Unicamp, Mackenzie etc. Fez o seu trabalho (embora eu tenha matriculado minha filha em outro colégio).

A universidade entender que existe para o aluno. É para ele que se formatam os cursos. É para ele que os esforços devem ser canalizados.

Viva as “horas da verdade”! Vamos a luta! Vamos buscar nosso oceano azul.

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