Como o PCC se instalou no Paraná
Manuscrito, vídeos
e fotos revelam a presença da facção criminosa no estado. A força do grupo é
preocupante
"O
Comando não tem limite territorial. Todos os integrantes que forem batizados são
componentes do PCC independente da cidade estado ou país.” O trecho consta de um
manuscrito em folha de almaço, encontrado no fim do ano pela Polícia Civil na
casa de um traficante, em Curitiba. Trata-se de uma versão do estatuto do
Primeiro Comando da Capital, facção nascida na década de 1990 nos presídios
paulistas. É mais um elemento que evidencia a presença do grupo criminoso no
Paraná.
O
texto – um manual de conduta dos “faccionados” e que faz referência à “ética do
crime” – não é o primeiro documento a comprovar que o “Comando” se esgueira
dentro e fora dos presídios paranaenses. Em janeiro, a Gazeta do Povo teve
acesso a vídeos de detentos bradando o grito de guerra do PCC na
Penitenciária Estadual de Piraquara-I (PEP-I), além de fotos com as siglas da
facção na parede de celas.
Duas
cidades do Paraná estavam na rota de fuga de um plano para libertar Marcos
Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção, preso no interior de São
Paulo. Agentes penitenciários, delegados, sindicatos e especialistas em
segurança dão indícios de como o “partido do crime” tem se articulado no
estado.
“Batismo”
Os
novos faccionados são abordados pelo PCC logo ao dar entrada nos presídios. Se
for “batizado” na facção, o detento recebe proteção, auxílio jurídico e sua
família chega a ter apoio financeiro. Em contrapartida, continuará ligado ao PCC
quando ganhar liberdade e permanecerá leal ao grupo.
“Eles
ampliam suas garras atuando como se fossem uma cooperativa de presos”, pontua o
ex-secretário Nacional de Segurança José Vicente da Silva. “Se o preso se
filiar, é obediência eterna. Se o Comando mandar render um agente, ele rende.
Mandou matar, ele mata”, ressalta um agente penitenciário.
O
artigo 11 do estatuto deixa isso claro: “toda missão destinada deve ser
concluída”; “aquele irmão que falhar, por fraqueza, deslealdade e desinteresse”
será excluído. Aos considerados traidores, “a cobrança será a morte”.
No
Paraná, optou-se por isolar os membros do PCC. Eles estão concentrados
principalmente na PEP-I e no bloco 4 da Penitenciária Central do Estado (PCE).
Um agente conta que na PCE os líderes da facção chegavam a se reunir a portas
fechadas com diretores do presídio. Usufruíam de regalias, como visitas
facilitadas e acesso a produtos de fora da prisão. “Eles mandam ali. O poder que
têm é maior do que se imagina.”
A
facção está presente também em delegacias de Curitiba, embora de forma
menos ostensiva. “Todos sabem quem são [os faccionados] e que atrás deles tem
uma rede, irmanada em torno do mesmo objetivo. Só não tem o grito de guerra, mas
tem todo o resto”, diz o presidente do Sindicato dos Investigadores (Sipol),
Roberto Ramires.
Há
um mito em torno da facção, diz promotor
Apesar
dos vestígios da presença do PCC no estado e de um estudo do Ministério Público
de São Paulo apontar que o Paraná é a segunda unidade da federação em que a
facção está mais arraigada, especialistas em segurança pública sugerem que o
“partido do crime” não está tão articulado por aqui como faz parecer. O Grupo de
Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que não há uma
liderança da facção no Paraná, o que pulveriza e enfraquece as ações.
“Existe
uma mitificação do PCC no estado. O que há são algumas células distintas, que
não se comunicam entre si. Tem um grupelho aqui, outro ali. Alguns os obedecem”,
diz o coordenador do Gaeco no estado, Leonir Batisti.
Ex-secretário
Nacional de Segurança, José Vicente da Silva também atenta para uma
“romantização” do PCC e duvida que haja uma estrutura organizada no Paraná. Ele
avalia que a articulação do Comando se resume no sentido de dar assistência
jurídica aos presos e alguma garantia aos familiares, mas que esse aparelhamento
não chegue a definir ações criminosas do estado.
“O
crime verdadeiramente organizado está bem distante do pessoal de bermuda e
chinelo do PCC. Crime organizado são as quadrilhas que exportam 50 mil quilos de
cocaína para a África e Europa. São as quadrilhas com dinheiro para comprar
autoridades”, disse.
Segundo
Batisti, várias investigações realizadas pelo Gaeco apontaram que vários
suspeitos usavam o nome do PCC, sem, de fato, ser “filiado” à facção. “O bandido
faz isso para parecer perigoso, para ‘aparecer’ perante o outro.”
Movimentação
dos faccionados é monitorada
O
principal trunfo das forças de segurança no combate a facções criminosas é o
serviço de inteligência. Por meio de análise de dados e do monitoramento de
membros dos grupos, familiares de presos e até de advogados, a polícia consegue
antever eventuais ataques dos bandidos e se preparar para impedir que
ocorram.
A
Gazeta do Povo teve acesso a dois e-mails encaminhados a policiais do Paraná
pelo serviço de inteligência, informando-os da movimentação de presos ligados ao
PCC. Uma das mensagens eletrônicas era um alerta para um possível “salve” [ação
coordenadas, como ataques fora dos presídios]. Os atentados não chegaram a ser
deflagrados.
Os
detalhes da atuação do serviço de inteligência não são revelados pela Secretaria
de Estado da Segurança Pública (Sesp), por se tratar de uma questão estratégica.
A pasta apenas diz que o trabalho é realizado por “profissionais altamente
qualificados” e que o monitoramento ocorre de forma integrada, principalmente
com a Polícia Federal.
Ex-secretário
Nacional de Segurança, José Vicente da Silva não acredita que novos “salves”
devam ocorrer. “Isso é muito blefe. Geralmente, os bandidos dizem isso em
ligações telefônicas porque sabem que estão sendo monitorados e querem causar
terror”, resumiu. O especialista reitera que, apesar disso, a vigilância deve
ser constante. “A polícia do Paraná tem condições de dar conta disso. Não se
pode descuidar nem dar credibilidade a esse tipo de ameaça”, diz.
Até bingo financia o grupo criminoso
O
estatuto apreendido em Curitiba detalha que o PCC está firmado em conceitos de
“hierarquia e disciplina”, dentro da “ética do crime”. Para desenvolver suas
ações e suportes, a cartilha destaca a existência de uma estrutura financeira,
“a cargo e responsabilidade do comando”.
O
texto não faz referência a valores, mas agentes penitenciários e policiais
ouvidos pela Gazeta do Povo apontam que cada membro paga à facção uma
mensalidade de cerca de R$ 600. Além de lançar mão de ações como assaltos para
ampliar a arrecadação, o grupo também realiza bingos e rifas, inclusive dentro
das penitenciárias.
Um
agente da PEP-I conta que, em dias de vista, os familiares dos presos são
obrigados a comprar rifas e cartelas. Os bingos – com prêmios como carros e
motos – chegaram a ser realizados nas galerias. “Se a família não comprar, o
preso paga o pato lá dentro”, diz o agente.
O
ex-secretário nacional de Segurança José Vicente da Silva minimiza a organização
financeira do grupo, apontando que esta se resume a dar suporte jurídico e
“pagar ônibus para que as famílias visitem os presos”. “Uma prova da fraqueza
financeira são as rifas e bingos. Crime organizado não faz isso.”
A ética do crime
Veja
em algumas frases o que diz o estatuto do PCC.
•
“Lutar sempre pela Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade e União, visando o
crescimento da massa e da organização, respeitando a ética do crime.”
•
“Aquele integrante que tentar causar divisão dentro do Comando, desrespeitando
esses critérios, será excluído e decretado!”
•
“Aquele integrante que for para a rua tem a obrigação de manter contato com a
sintonia da sua quebrada (...), deixando claro que não somos sócios de um clube
e sim integrantes de uma facção criminosa (...). Sendo assim, o Comando não pode
admitir acomodações, fraquezas, diante da nossa causa.”
•
“O Comando não admite entre seus integrantes estrupadores (sic), homossexuais,
pedófilos, caguetas (sic), mentirosos, covardes, opressores, chantagistas (sic)
(...) e outros que ferem a ética do crime!”
“O
crime fortalece o crime”
•
“Aquele que usufruir dos benefícios que o Comando conquistou e pedir para sair
(...) será avaliado. Se constatado que o mesmo agiu com oportunismo, o mesmo
poderá ser visto como traidor, tendo uma atitude covarde e o preço é a
morte!”
•
“Toda missão destinada deve ser concluída (...). Aqueles que forem aprovados,
tem como dever acatá-la (...). Essas ações incluem principalmente ações de
resgate e outras operações restritas do Comando (...). Aquele irmão que falhar
na missão por fraqueza, deslealdade e desinteresse será automaticamente excluído
pela sintonia. Se vazar ideias, a cobrança é a morte!”
•
“Vida se paga com vida, sangue se paga com sangue!”
Saída passa pelo enfrentamento, diz especialista
Oficialmente,
o governo do Paraná passou a admitir os braços do PCC no estado em dezembro do
ano passado. Em janeiro, no entanto, o governador Beto Richa (PSDB) negou a
atuação da facção por aqui. A Secretaria de Estado da Segurança Pública nunca
falou abertamente sobre o grupo. Sempre que questionada, a pasta se manifesta
por meio de uma nota enxuta e lacônica.
Apesar
disso, estima-se que o PCC esteja no Paraná desde 1998, quando três de seus
fundadores foram transferidos de São Paulo para a Penitenciária Central do
Estado (PCE), em Piraquara. Para o coordenador do Núcleo de Estudos Sobre
Segurança Pública da Universidade Tuiuti e delegado da Polícia Federal, Algacir
Mikalovski, reconhecer a presença do grupo é o primeiro passo para
combatê-lo.
“É
preciso ter um posicionamento de enfrentamento. É preciso ir ao encontro do
problema para controlá-lo. Isso o governo não fez abertamente até agora”,
disse.
A
falta de posicionamento claro do governo em relação à facção gera angústia em
policiais e delegados. “A gente lida com esses bandidos todos os dias. É gente
ruim. Aí vem o governador e nega [que o PCC atue no estado]. Ficamos feito
bobos”, sintetiza um delegado.
Já
o coordenador do Departamento Penitenciário, Cezinando Paredes, ressalta
que o estado nunca perdeu o domínio dos presídios. “Estaria mentindo se dissesse
que não estamos em situação de alerta, mas em nenhum momento foi perdido o
controle das unidades prisionais do estado.”
Fonte: Gazeta do Povo (5 de março)
PCC avança nas penitenciárias do PR
Facção criminosa que
surgiu em São Paulo ganha força em presídios do estado. Rituais, gritos
de guerra e inscrições identificam membros do grupo
Publicado em 16/01/2014 | Felippe Aníbal, com a colaboração de Taiana Bubniak e Angieli Maros
A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) – surgida na década
de 1990 nos presídios paulistas – avança de forma ostensiva nos
complexos penais e carceragens de delegacias do Paraná. Em uma forma de
desafiar as autoridades, os presos usam o nome da facção para demarcar
território dentro dos presídios: bradam gritos de guerra e assinalam as
alas dominadas pelo grupo. A Gazeta do Povo teve acesso a vídeos e fotos
feitos por agentes penitenciários que atestam a progressão do “partido
do crime” no Paraná. Ontem, enquanto o sindicato se manifestou, cobrando
mais segurança no sistema prisional, outra unidade sofreu rebelião e um
agente foi feito refém – não houve feridos.
Quatro vídeos gravados entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano, na
Penitenciária Estadual de Piraquara-I (PEP-I), mostram o que parece ser
um ritual dos presos cooptados pelo PCC. Diariamente, durante o banho
de sol, os detentos formam um grande círculo, em que um deles puxa o
grito de guerra da facção. Ao final, todos gritam: “PCC, paz, justiça,
igualdade e união para todos”.
O grupo criminoso também demonstra ostensividade por dentro das
grades. As celas que abrigam integrantes do PCC têm na porta a sigla da
facção, grafada de forma improvisada pelos detentos. Nas paredes da
primeira galeria, algumas armas desenhadas vêm acompanhadas de
inscrições provocativas, como “Somos criados para matar”, “mente
terrorista” e “contra opreção” (sic).
Instabilidade
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná
(Sindarspen), desde dezembro aumentaram as apreensões de “estoques”
(armas improvisadas, feitas pelos próprios presos a partir de pedaços de
ferro) e serras. Também tem sido maior o volume de celulares e de
drogas que familiares tentam repassar aos presos, em marmitas e sacolas.
As imagens feitas pelos agentes também mostram escavações em paredes e
buracos, o que, segundo o sindicato, evidencia as sucessivas
articulações dos presos, na tentativa de fugir.
“A situação é de total instabilidade. Precisamos de mais segurança
para trabalhar”, resumiu o vice-presidente do Sindarspen, Antony Johson.
A tensão não é uma exclusividade da PEP-I. Ao lado, na Penitenciária
Central do Estado (PCE), os presos “faccionados” estão confinados no
quarto bloco, onde há quatro galerias e 240 detentos. Um agente
penitenciário que trabalha na unidade diz que os membros do PCC é quem
dão as cartas por ali. Segundo ele, chegavam a se reunir a portas
fechadas com a administração do presídio, para ter acesso a regalias,
como alimentação diferenciada e acesso a produtos de fora da
penitenciária.
“Eles [os presos do PCC] são completamente indisciplinados. Não
aceitam ordens. Reagem a cusparadas, com xingamentos. Semana passada, um
deles jogou uma marmita quente na cara de um colega nosso. E nós não
podemos reagir. É impossível a ressocialização num ambiente desses”,
disse.
Faccionados estão isolados, diz Depen
O governo do Paraná passou a reconhecer oficialmente as ramificações
do PCC no estado em dezembro de 2013, quando o MP-SP divulgou um
mapeamento da facção criminosa. O relatório apontava pelo menos 656
“faccionados” no estado. Ontem, o coordenador do Departamento
Penitenciário (Depen), Cezinando Paredes, reconheceu a presença do grupo
criminoso nos presídios paranaenses e que esses detentos demandam
“maior preocupação”.
Paredes disse que, quando reassumiu o Depen, havia uma “crise em
algumas unidades”, mas destacou que a situação está sob controle. A
Secretaria de Estado da Segurança Pública, em nota, disse que as ações
de inteligência “não são divulgadas por questões estratégicas”.
“Moeda de troca”
Em três motins ocorridos em menos de 40 dias em presídios do estado,
os detentos exigiam transferência para outras cidades. Para um agente da
PCE – que não quis ser identificado – a situação expõe os diversos
riscos da categoria. Segundo ele, a unidade não dispõe de mecanismos
básicos de segurança, como algemas e cadeados. “Viramos moedas de troca.
Nos fazem reféns, exigem transferência e são transferidos”, afirmou.
Jogo de futebol marcou a criação de facção
Bruna Komarchesqui
Um jogo de futebol em 31 de agosto de 1993, entre detentos da capital
e do interior, foi o marco da criação do Primeiro Comando da Capital
(PCC), na Penitenciária de Taubaté, interior de São Paulo. Autor de três
livros sobre o tema, o jornalista Josmar Jozino, um dos primeiros a
divulgar a existência da facção, explica que os presos vinham se
organizando, inclusive com a elaboração de um estatuto, para evitar
novos massacres como o do Carandiru, ocorrido no ano anterior. “Era uma
espécie de sindicato dos detentos,” diz o jornalista.
Os criminosos foram conquistando apoio da população carcerária, após
medidas como a proibição do uso de crack nas penitenciárias, o fim das
mortes violentas e da violência sexual. “Eles passaram a cobrar
mensalidade em troca de proteção. Então, descobriram que o celular é uma
arma mais poderosa que o fuzil e passaram a comandar negócios, roubos a
banco e o tráfico de dentro das prisões”, detalha.
Um raio X do PCC, concluído pelo Ministério Público Estadual (MPE) de
São Paulo no fim do ano passado, após três anos e meio de investigações
do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco),
resultou na denúncia de 175 pessoas e no pedido à Justiça de internação
de 32 presos.
O MPE estima que a migração para outros estados tenha começado pelo
Paraná, por fatores como a proximidade geográfica. Conversas telefônicas
interceptadas pelo Gaeco mostram que o PCC faz contato com DDDs de 22
estados. A maior concentração do grupo ainda é em São Paulo, onde domina
90% das penitenciárias.
1 refém e 18 transferências
Depois de manter um agente penitenciário refém por mais de cinco horas ontem, 18 presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, tiveram seus pedidos atendidos e foram levados para o interior do estado à noite. De acordo com a previsão da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), dois camburões deveriam sair em direção a Londrina e Maringá, no Norte do estado, e Foz do Iguaçu, no Oeste. Ainda de acordo com a Seju, esses presos já haviam solicitado transferência para ficar mais perto de onde moram suas famílias. O acordo era que os presos liberassem o agente assim que os camburões e a escolta para levá-los às cidades do interior estiverem preparados. Até o fechamento desta edição, os veículos ainda não haviam chegado à PCE.OAB
Superlotação é problema crônico em delegacias do estado
A OAB-PR trabalha em um novo relatório sobre a situação das
delegacias do estado, que chegam a abrigar oito vezes mais detentos que a
capacidade máxima. Uma das situações mais críticas é a do 11º DP, na
capital, que tem 25 vagas, mas está com 164 presos. “Fazemos vistorias
constantes e enviamos os relatórios às secretarias de Segurança e
Justiça. Mas, pela dimensão do problema, o avanço não tem sido
significativo”, critica o presidente da Comissão de Direitos Humanos da
OAB-PR, José Carlos Cal Garcia Filho. Na Região Metropolitana de
Curitiba (RMC), a delegacia de São José dos Pinhais mantém 106 presos em
um espaço onde só caberiam 24, número parecido com o de Colombo. Em
Piraquara, a capacidade da delegacia é de oito detentos, mas há 45. Em
Fazenda Rio Grande, 71 detentos ocupam um espaço que deveria ser
destinado a apenas 26.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1440080
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