sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"Coisas" que poucos entendem!

Artigo escrito po Fábio Jardelino e publicado no portal da UOL em 06 de setembro de 2012, retrata uma parcela da realidade do militar que se vê obrigado a viver numa condição civil, onde princípios e honra passam a ser relativizados.

Para um civil isto parece simples. Entretanto, para nós, uma grande dificuldade. Honrar a Pátria e prometer defender a vida de pessoas que não conhecemos é um privilégio. Não fazemos isto em razão do salário, mas por vocação de vida.
 
Abandonar a vida militar significa assumir uma obrigação de "suportar" ofensas. É preciso mais do que paciência, é preciso uma readaptação. Engana-se o escritos ao dizer que "temos medo de deixar a farda de lado". Não é isto! Uma frase não resume o sentimento puro que é abrigado em nossos corações! A farda nada tem a ver com isto, mesmo porque ela nos acompanhará em nossa morte.
 
Outra imbecilidade escrita por este "jornalista", que até pouco tempo prescindia de qualquer preparo acadêmico para exercer tão vil profissão, é sua afirmação acerca da reintegração na vida civil. Imbecil! Não existe uma sociedade militar. A frase mais idiota que hoje é proferida por insensatos é que existe uma sociedade civil que se opõe a militar. Não há! Somos, com orgulho, partícipes da vida social. Aliás, ela somente existe em razão de nosso trabalho.
 
Talvez a ignorância deste jornalista seja comum com aqueles que nos tratam com indiferença. Estude algum filósofo para aprender alguma coisa! Tente Platão e saia de sua caverna.
 
A sociedade deveria orgulhar-se dos militares que ainda desejam trabalhar. haverá um dia em que ninguém irá defendê-los. Você irão chorar, perder suas vidas e seus entes queridos.
 
O idiota ainda afirma que existe uma "fuga". Não. Queremos cada dia mais servir a Nação. Militar não foge a sua obrigação.
 
Não somos "milicos". Somos militares, palavra diferente e que você, Fábio Jardelino, nunca compreenderá, uma vez que lhe falta um mínimo de inteligência.
 
Não há militar solitário. Isto é coisa de filme americano. A solidariedade em nossa vida é muito maior. Um ajuda o outro, não "puxa seu tapete".
 
 
 
Por Fábio Jardelino do Portal UOL em 06 Set 2012.

A tão sonhada aposentadoria provavelmente é uma das coisas mais gratificantes para quem passou a vida toda trabalhando. Porém essa não é uma verdade absoluta. Na vida militar, a aposentadoria não é vista, por alguns, com bons olhos. Um dos motivos principais, que se agrega a esse medo de deixar a farda de lado, é a "volta" ao mundo civil.
 
"Como reincluir na sociedade civil, um militar que passou 30 ou 40 anos sendo treinado para a guerra ou algum conflito?". A pergunta, que aflige grandeparte dos militares, foi feita recentemente por um coronel da reserva que, comomuitos, dedicou a vida inteiramente ao Exército, mas que agora chegou o momentode parar. "Parar? não. Ainda tenho 56 anos, muita instrução e força. Ainda tenho muito a dar para o exército brasileiro", afirma o roraimense Roberto Nattrodt, com orgulho. A insatisfação diante da iminente aposentadoria é estudada por pesquisadores sociais e psicólogos, tanto no caso do militar que vai para a reserva quanto do militar que volta de um conflito.
 
No caso do Exército Brasileiro, existem algumas "fugas" ou métodos de reintegração à vida civil para esses profissionais que foram para a reserva,seja ele praça, praça-especial (alunos de escola de formação militar e aspirantes-à-oficial) ou oficial. Alguns são os conhecidos Clubes Militares (Círculo militar, clubes de Sargentos ou Oficiais, entre outros) ou as associações de oficiais da reserva, no caso dos CPORs (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) ou NPORs (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva), além da recontratação de alguns desses militares para cargos de confiança do quadro civil do Exército, prestando serviço de assessores especiais da força.
 
Apesar desses meios, o impacto da vida civil pode ser conflituoso. Desde questões simples do cotidiano, como o linguajar usado pelos "milicos", que se diferencia do utilizado pelos "paisanos", até problemas ideológicos ou simplesmente de convivência.
 
"A relação de trabalho com o funcionário civil é complicada. Você está acostumado em pagar a missão e saber que ela, de um jeito ou de outro, vai ser cumprida. Você sabe que pode confiar que aquele militar vai cumprir a missão que você passou. Isso não acontece aqui fora. E, quando você vai cobrar, sempre vem um dizendo 'Coronel, isso aqui não é quartel não' e eu tenho que ficar calado. É complicado", desabafa Nattrodt, na reserva desde novembro de 2010 e que hoje assume o cargo de presidente do Círculo Militar do Recife.
 
No caso dos mais jovens, que passaram pouco tempo com a farda, o impacto com a velha realidade que viviam antes da caserna pode até ser pior. "Os garotos saem dos CPORs ou NPORs, vão para a tropa e depois são obrigados a sair com o término dos oito anos, com seus 28 anos, às vezes 30, sem nenhuma experiência profissional. Se ele não tiver se dedicado à sua vida civil, tanto quanto se dedicava à militar, vai sair por baixo, sem nada", completa Nattrodt.
 
Porém muitos afirmam que, apesar de complicada, a experiência militar é mais do que necessária na vida de uma pessoa. "Era para ser obrigatório. Não o alistamento, que já é obrigatório. Eu digo o serviço militar mesmo. Todos deveriam servir ao Exército e aprender os valores que aprendemos lá", defende o aspirante da reserva Helder Felipe Oliveira Corrêia, 22 anos.
 
Hoje estudante de direito, o recifense Oliveira, como era conhecido em seus tempos de militar, relembra os tempos de farda como os melhores de sua vida. "Era muito bom e, quando acabou, demorou pra cair a ficha. Na verdade, eu só comecei a perceber que não era mais militar quando entrei na faculdade de direito. Antes disso, muitas vezes, eu dava um acocho (cobrança) num subordinado no antigo trabalho ou as vezes até no meu irmão mais novo, como se eu ainda fosse militar. Mas a gente sabe que isso é normal", conta Oliveira. "As vezes ele me mandava pagar flexão. Mas eu apoiava por que sabia que ele estava triste. Sair do exército afetou muito ele e isso acabou chegando aqui em casa", explica o irmão de Oliveira, Bruno da Rocha Lima, de 15 anos.
 
O jovem explica que teve dificuldades na volta à vida civil já que passou a vida toda inserido no "universo militar". "Sempre estudei no Colégio da Polícia Militar e logo depois entrei no CPOR. Quando saí aspirante e deixei a farda de lado, tive que procurar meu espaço no mundo civil", desabafa Oliveira. A situação, apesar de previsível, acaba sendo, em parte, prejudicial para o jovem, normalmente com seus 19 ou 20 anos, ainda em formação. "Eu tive dificuldade de me inserir no mercado de trabalho. Muita gente de empresa vê o militar e pensa 'Ele foi militar, mas o que ele sabe fazer? Ele só sabe marchar, atirar' e não é só isso, sabe? Os militares não são jegues, que usam cabresto", diz o aspirante da reserva.
 
Além da dificuldade de contato com o paisano, o militar também sofre internamente. Segundo psicólogos, o "mundo militar", meio fechado, é viciante para quem está dentro. É criado um muro, uma barreira, entre as atividades civis e as militares, onde, internamente, existe outro dialeto, outros valores morais e, principalmente, uma outra didática de contato social. Às vezes nem sempre bom e às vezes não de todo mau, é apenas um universo diferente dos que as pessoas "comuns" estão acostumadas. Um estudioso do assunto é o psicólogo Nigian Cardoso, que afirma que a separação da farda é muito complicada para um militar. "Eles passam a apresentar um quadro de solidão. De vazio. Alguns tentam se reaproximar da família, mas isso também é difícil, já que muitos deles viveram distantes dela a vida toda. Por isso buscam o conforto nesses "grupos" ou "reuniões" com outros militares. Lá, eles voltam, um mínimo que seja, ao que eram antes", explica Cardoso.
 
Em meio a um misto de sentimento de perda e solidão, a separação do militar de sua farda é como o sentimento de missão cumprida. "Estou fora da força, mas, se o Brasil precisar de mim ainda, enquanto eu puder andar e tiver forças, eu estarei à disposição dele", observa Roberto Nattrodt.
 
PS: tenho "dó" de voce!
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário