A ONU REALMENTE PEDIU O FIM DAS POLÍCIAS MILITARES?
O assunto foi polemizado pela mídia, mas como sempre, tratava-se de uma matéria totalmente desfocada com os fatos apontados pelo mecanismo internacional.
Assim, permitido-me reproduzir a matéria veiculada pela Seção de Comunicação Social da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a quem indico todo e qualquer crédito, na pessoa de seu chefe e do chefe da seção de mídias.
Segue a importante matéria:
A ONU JAMAIS PEDIU O FIM DA POLÍCIA MILITAR
Alguns setores da imprensa, reforçados por certos movimentos ativistas,
 insistem em referenciar uma suposta recomendação da Organização das 
Nações Unidas, que pediria o fim da Polícia Militar no Brasil. Existiria
 mesmo essa “recomendação”? Qual sua origem?
Para responder essas
 questões, inicialmente é preciso entender o contexto. O Conselho de 
Direitos Humanos da ONU, por meio do mecanismo de Revisão Periódica 
Universal (UPR), apresentou um relatório, em 2012, com sugestões 
elaboradas por 78 delegações estrangeiras. Uma dessas sugestões foi da 
Dinamarca. Vejamos o texto:
" (...) 119.60. Work towards 
abolishing the separate system of military police by implementing more 
effective measures to tie State funding to compliance with measures 
aimed at reducing the incidence of extrajudicial executions by the 
Police. (Denmark)" (UNITED NATIONS. General Assembly. Report of the
 working group on the Universal Periodic Review. Brazil. Human Rights 
Council. Twenty-first session. Agenda item 6. Universal Periodic Review.
 Geneva: ONU, 2012. Disponível em: <http://doczz.com.br/doc/445330/united-nations>. Consulta em: 07 fev. 2017).
 A primeira observação importante vai no sentido de que não se trata de 
uma “recomendação da ONU”, mas sim uma sugestão apenas da Dinamarca, 
catalogada, transcrita num relatório, sem qualquer tipo de processamento
 pela entidade maior, e encaminhada ao Governo brasileiro. 
Importante destacar que a Dinamarca é um país com pouco mais de 5 milhões de habitantes, que adota o modelo de polícia única, de ciclo completo. São apenas 11 mil policiais no país, com baixos índices de criminalidade e de desigualdade social.
A segunda observação diz respeito ao texto 
propriamente dito. O representante da Dinamarca fala em abolir o 
“sistema separado de polícia militar”, sem, contudo, explicar o que isso
 significa. Há quem interprete que a sugestão é acabar com a investidura
 militar na polícia brasileira, mas há também a interpretação de que a 
proposta é acabar com a divisão da atividade policial em dois ciclos, 
como acontece hoje no Brasil, em que a Polícia Militar faz apenas metade
 das atividades policiais, sendo-lhe vedada a repressão mediata típica 
de polícia judiciária (investigação). Também pode-se interpretar que o 
sistema ideal sugerido seria um órgão policial com investidura militar e
 com ciclo completo como acontece em vários países integrantes da ONU, 
com sucesso, a exemplo do Canadá, Espanha e Itália, entre outros.
Seja qual for a interpretação sobre a indicação do representante da 
Dinamarca, é inquestionável que ela não representa o posicionamento da 
Organização das Nações Unidas, mas uma conjectura isolada e carente de 
sustentação técnica e doutrinária.
Como prova de que a indicação 
isolada da Dinamarca não pode ser tomada como recomendação da ONU, no 
mesmo relatório há outra indicação, desta vez da Austrália, justamente 
no sentido oposto, sugerindo estender a outros Estados brasileiros a 
experiência do Rio de Janeiro, na implantação de Unidades de Polícia 
Pacificadora, que são compostas por policiais militares.
"119.62.
 That other state governments consider implementing similar programs to 
Rio de Janeiro’s UPP Police Pacifying Unit (Australia)".
É 
importante pontuar, também, que a própria ONU se recorre regular e 
constantemente das polícias militares. Anualmente, o Conselho de 
Direitos Humanos da ONU solicita ao Governo brasileiro a indicação de 
Oficiais e Praças das polícias militares para integrarem os contingentes
 de Missões de Paz, atuando em diversas localidades, sempre com fulcro 
na preservação dos direitos e garantias fundamentais. Isso seria 
obviamente um contrassenso da entidade, caso existisse alguma 
recomendação para abolir o sistema de polícias militares. Como a ONU 
poderia buscar homens e mulheres para atuarem na defesa de Direitos 
Humanos justamente em instituições que ela quer ver extintas?
Tomando como exemplo a Polícia Militar de São Paulo, as iniciativas na 
área de Direitos Humanos são reconhecidas internacionalmente, 
constituindo referência para outras polícias. O Curso de Direitos 
Humanos desenvolvido pela PM paulista foi estudado e aprovado por uma 
comitiva da ONU, nos idos dos anos 2000, por estar alinhado com o 
preconizado pela Declaração Internacional de Direitos Humanos, além de 
outros acordos e recomendações internacionais. Além das polícias 
brasileiras, o curso recebe também policiais de países como Guatemala, 
El Salvador, Nicarágua, Honduras e Costa Rica.
Além disso, o Tiro
 Defensivo de Preservação da Vida - Método Giraldi, idealizado e 
desenvolvido por um policial militar, é reconhecido pela Cruz Vermelha 
Internacional como sendo a metodologia de ensino mais eficaz sobre o uso
 da força e de armas de fogo, estando totalmente transversalizado com os
 princípios de Direitos Humanos. Vários países já adotam o Método 
Giraldi na formação e aperfeiçoamento de seus policiais, com destaque 
para os Carabineiros do Chile.
É conveniente lembrar, por fim, 
que grande parte dos países signatários da ONU adota a investidura 
militar em suas polícias nacionais, o que seria outro grande 
contrassenso da entidade, caso fosse legítima a recomendação.
Desse modo, é importante esclarecer a opinião pública, para que a 
realidade não seja manipulada com base na deplorável técnica: “uma 
mentira dita mil vezes torna-se verdade”, o que parece ser a tática de 
quem ataca a investidura militar na polícia de ordem pública brasileira.
Fonte pesquisada: UNITED NATIONS. General Assembly. Report of the 
working group on the Universal Periodic Review. Brazil. Human Rights 
Council. Twenty-first session. Agenda item 6. Universal Periodic Review.
 Geneva: ONU, 2012. Disponível em: <http://doczz.com.br/doc/445330/united-nations>. Consulta em: 07 fev. 2017.
Autores:
Adilson Luís Franco Nassaro, Coronel PM (Chefe do CComSoc PM, São Paulo)
Emerson Massera, Major PM (Chefe da Divisão de Mídias do CComSoc PM, São Paulo).
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