sábado, 15 de outubro de 2011

Onu X Brasil X Irã

Por Demóstenes Torres.


 

As chances de o Brasil virar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que sempre foram nulas, zeraram de vez. Nas comissões da Assembleia Geral, os assuntos são sempre sérios, violência contra a mulher, proteção à infância, segurança, meio ambiente, combate ao tráfico, uso do espaço. Mas, nos últimos dias, nenhum superou a comprovação de que o Irã é um estado terrorista.

E qual a reação do Itamaraty? Passar a mão na cabeça de Mahmoud Ahmadinejad. Mais uma vez.
Os líderes mundiais estão certos de que explosões e assassinatos planejados para o território americano seriam mesmo bancados por Ahmadinejad. Ao desmantelar o plano, salvaram-se não apenas a vida do diplomata saudita e os prédios de duas embaixadas: acabaram-se as dúvidas.

Representantes da turma mais chegada em ditadores apresentam a desculpa de que o Irã vai cumprir para Barack Obama o papel que o Iraque exerceu para George W.Bush, o de assegurar a reeleição. Facilita tocar uma campanha aqui se houver uma guerra no outro lado do planeta.

São personagens e situações muito diferentes. Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa, já o arsenal nuclear do Irã é exibido com garbo por Ahmadinejad, deixando boquiabertos tipos como Lula e Chávez.

Há tempos se sabe que o nanico persa financia atentados, do planejamento à execução, do pessoal à logística. Faltavam as provas. Não faltam mais. Foram gravados, no México, os encontros entre os pupilos de Ahmadinejad e um policial americano disfarçado, enquanto negociavam para atingir Arábia Saudita e Israel em Washington.

O chanceler e a presidente brasileiros já deveriam ter se manifestado contra, mas estão dispondo da mesma cautela apresentada no caso líbio – não abandonam por pouca coisa amigos como Ahmadinejad e Kadafi.
A reação de Antonio Patriota e Dilma Rousseff é esperar os companheiros déspotas ao redor do mundo decidirem, para só então o Brasil tomar partido. A posição dúbia, que surge até em apedrejamento (no Irã) e morte (em Cuba) de ativistas, diminui a importância da maior nação do Cone Sul.

Há diversos temas na pauta da ONU, mas nenhum que supere um estado agir dentro de outro contra pessoas e patrimônio de mais dois.

No aprofundamento dos debates, tínhamos tudo para liderar, como uma democracia em ascensão que condena golpes à ordem mundial e exige sanções à altura. Mas ficamos reféns da ideologia rococó imperiosa em nossa política internacional.

A delegação de parlamentares encerra os trabalhos por aqui torcendo para que quem nos vê com crachá brasileiro não nos tome como hesitantes ou aliados de chefetes patrocinadores de barbáries.

Demóstenes Torres é procurador de Justiça e Senador (DEM/GO), escreve de Nova York onde participa, como observador Parlamentar pelo Senado Federal, dos trabalhos da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas

Nenhum comentário:

Postar um comentário