As
chances de o Brasil virar membro permanente do Conselho de Segurança da
ONU, que sempre foram nulas, zeraram de vez. Nas comissões da
Assembleia Geral, os assuntos são sempre sérios, violência contra a
mulher, proteção à infância, segurança, meio ambiente, combate ao
tráfico, uso do espaço. Mas, nos últimos dias, nenhum superou a
comprovação de que o Irã é um estado terrorista.
E qual a reação do Itamaraty? Passar a mão na cabeça de Mahmoud Ahmadinejad. Mais uma vez.
Os
líderes mundiais estão certos de que explosões e assassinatos
planejados para o território americano seriam mesmo bancados por
Ahmadinejad. Ao desmantelar o plano, salvaram-se não apenas a vida do
diplomata saudita e os prédios de duas embaixadas: acabaram-se as
dúvidas.
Representantes da turma mais chegada em ditadores
apresentam a desculpa de que o Irã vai cumprir para Barack Obama o papel
que o Iraque exerceu para George W.Bush, o de assegurar a reeleição.
Facilita tocar uma campanha aqui se houver uma guerra no outro lado do
planeta.
São personagens e situações muito diferentes. Saddam
Hussein não tinha armas de destruição em massa, já o arsenal nuclear do
Irã é exibido com garbo por Ahmadinejad, deixando boquiabertos tipos
como Lula e Chávez.
Há tempos se sabe que o nanico persa financia
atentados, do planejamento à execução, do pessoal à logística. Faltavam
as provas. Não faltam mais. Foram gravados, no México, os encontros
entre os pupilos de Ahmadinejad e um policial americano disfarçado,
enquanto negociavam para atingir Arábia Saudita e Israel em Washington.
O
chanceler e a presidente brasileiros já deveriam ter se manifestado
contra, mas estão dispondo da mesma cautela apresentada no caso líbio –
não abandonam por pouca coisa amigos como Ahmadinejad e Kadafi.
A
reação de Antonio Patriota e Dilma Rousseff é esperar os companheiros
déspotas ao redor do mundo decidirem, para só então o Brasil tomar
partido. A posição dúbia, que surge até em apedrejamento (no Irã) e
morte (em Cuba) de ativistas, diminui a importância da maior nação do
Cone Sul.
Há diversos temas na pauta da ONU, mas nenhum que supere
um estado agir dentro de outro contra pessoas e patrimônio de mais
dois.
No aprofundamento dos debates, tínhamos tudo para liderar,
como uma democracia em ascensão que condena golpes à ordem mundial e
exige sanções à altura. Mas ficamos reféns da ideologia rococó imperiosa
em nossa política internacional.
A delegação de parlamentares
encerra os trabalhos por aqui torcendo para que quem nos vê com crachá
brasileiro não nos tome como hesitantes ou aliados de chefetes
patrocinadores de barbáries.
Demóstenes Torres é
procurador de Justiça e Senador (DEM/GO), escreve de Nova York onde
participa, como observador Parlamentar pelo Senado Federal, dos
trabalhos da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas
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